Mas qual é o nosso maior tesouro? O que deveria ocupar o centro de nossas atenções? O carro, a casa, o trabalho, as roupas, as viagens? Não! A Vida! Sem ela, não temos nada e não somos nada. E sem qualidade de vida, ainda que estejamos vivos, não temos sentido, encanto, saúde e prazer de viver.
Sem qualidade de vida, os ricos se tornam miseráveis; os fortes se tornam frágeis; os famosos vivem uma farsa. Mas será que cuidamos com seriedade da nossa qualidade de vida como cuidamos das outras coisas? Raramente.
Quem é mestre em administrar sua emoção? Muitos governam países, mas são controlados por suas emoções doentes. Quem é especialistas em liderar seus pensamentos? Muitos dirigem empresas, mas são algemados pelos seus pensamentos. Sofrem por pequenos problemas e, o que é pior, por coisas que nunca irão acontecer. Quem destila sabedoria nas derrotas e é um perito em pensar antes de reagir?
Até psicólogos e psiquiatras, que são profissionais com a responsabilidade de cuidar da saúde dos outros, têm dificuldade para cuidar da sua qualidade de vida. Muitos exigem demais de si, trabalham excessivamente, não tem tempo para se dedicar àquilo que mais amam. São dedicados com os outros, mas são péssimos para si mesmos.
Olha para sua experiência de vida. O que você tem feito para ser uma pessoa mais alegre, serena e segura? O que você tem feito para superar sua impaciência, ansiedade, irritabilidade? Seja sincero! Aliás, honestidade consigo mesmo é um dos requisitos desta página. Quanto tempo você tem gasto para viver a vida como um grande e apaixonante aventura? Para alguns, a vida se tornou um mercado de rotina, uma fonte de tédio. Acordam, andam, trabalham, sempre do mesmo jeito.
Alguns jovens só conseguem perceber algo errado em suas vidas quando se tornam adultos frustrados, cujos sonhos foram enterrados nos becos da sua história. Alguns pais só conseguem perceber sua crise familiar depois que suas relações com seus filhos estão esfaceladas. Alguns profissionais só conseguem perceber que perderam o encanto pelo trabalho quando ficam deprimidos no domingo à tarde.
Observe que um barulho no carro nos perturba e nos faz ir ao mecânico, mas muitas vezes nosso corpo grita através da fadiga excessiva, dores musculares, dores de cabeça e outros sintomas psicossomáticos. Ele está nos avisando que estamos estressados e que precisamos tomar atitudes, mas não ouvimos a sua voz. Você ouve a voz do seu corpo? Alguns só ouvem a sua voz quando estão num hospital, enfartados.
Em pesquisa do Instituto Academia de Inteligência, detectaram, na cidade de São Paulo, que é o principal centro financeiro da América Latina, que 82% das pessoas estão com dois ou mais sintomas psíquicos e psicossomáticos. Detectaram que mais de três milhões de pesoas estão com dez ou mais sintomas. Embora não tenha amplas pesquisas de campo sobre a qualidade de vida nas grandes cidades, cremos que a situação de Nova York, Tóquio, Londres, Paris ou Roma seja semelhante.
Percebemos que até nas pequenas cidades, onde outrora as pessoas viviam tranqüilamente, tinham tempo para se sentar e conversar, qualidade de vida está se deteriorando rapidamente. Nossa espécie está passando por uma crise sem precedente. Como disse, desenvolvemos uma tecnologia do lazer como nenhuma outra geração, mas não desenvolvemos tecnologia psíquica e educacional para nos transformar, para irrigar nossa emoção com prazer.
Há graves contrastes nas sociedades modernas que estão diante dos nossos olhos e não exergamos. Protegemos nossas casas com grades nas janelas e com fechaduras nas portas, mas não sabemos como proteger nossa emoção contra as preocupações e dificuldades da vida.
Milhões de pessoas acordam cansadas, não aquietam sua mente, se tornaram máquinas de trabalhar. São vítimas do sistema social, não param de pensar, não viajam para dentro de si mesmas.
Todo esse corpo de argumentos revela a necessidade vital e urgente de uma reflexão de qualidade de vida que tenha profundidade e praticidade, capaz de ser aplicado amplamente nas mais diversas áreas da sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário